2007-09-14

A noite escura de Teresa

Li recentemente a reportagem TIME traduzida na Visão sobre Come be my light, um livro que fala da noite escura de Madre Teresa de Calcutá, que durante um longo período da sua vida não terá sentido a presença de Deus.
Mais tarde li uma entrevista do Pe responsável pela colecção de cartas que constituem o livro e ainda um comentário sobre aquela reportagem, ambos através do ZENIT.
Ficam algumas considerações.

Em primeiro lugar, muito me estranha a publicação de cartas escritas por quem quer que seja aos seus confessores com expressa solicitação de que fossem destruídas.
Dúvidas sobre até que ponto a vertigem da verdade pode pôr em causa valores como a confiança e a intimidade.

Em segundo lugar, para dizer que, efectivamente, não me espanta esta noite escura. Esta sede é ainda uma manifestação da presença de Deus. Só quem O sentiu e conhece pode sentir-lhe a falta de forma tão patente. E o silêncio frutifica.

E frutificou, efectivamente, em Teresa de Calcutá: uma vida de fidelidade, de encontro, de dedicação. E essa é mais uma prova da extraordinária mulher que ela era e da forma perene como foi tocada por Deus.

Lembro-me, depois da minha primeira forte experiência de Deus, feita em retiro de silêncio (fim-de-semana) de me terem dito "Está vivo, hein?" A minha resposta à Núria, a freira que orientara o retiro e a quem sempre estarei grato por tanta dedicação, foi: "A partir de agora posso ter crises na fé, mas é impossível ter crises de fé."

Mais tarde fiz um retiro um pouco mais extenso: uma semana. Durante todo o retiro procurei Deus sem o encontrar. Trabalhei a oração de todas as maneiras que conhecia: rezei, fiz silêncio, segui a leitura, fiz perguntas, enfim, apliquei-me em reencontrar Deus como eu o queria encontrar. Tudo o que tive foi silêncio. No último dia. Na última oração, pediram-nos que fizéssemos um resumo daquilo que tínhamos aprendido com aquele retiro. Fiquei aterrado com a ideia porque pensei que não tinha nada. Pouco depois começámos a falar, um por um. Um deixei-me ficar mais para o fim, porque tinha tão pouco para dizer. Quando finalmente chegou a minha vez partilhei o que tinha. Quando dei por mim tinha falado mais que todos os outros. Tinha aprendido muito, muito mais do que esperava, muito mais do que podia esperar.

É assim que eu vejo a Madre Teresa. Imaginar que aquela mulher frontal viveu uma mentira é pura fantasia. Ela sabia muito bem as razões da sua esperança. Mesmo que não as sentisse, mesmo que ansiasse senti-las, a sua procura e o sentido que deu à sua vida não são um acaso, nem um capricho nem uma fantasia. São um sinal. De Deus, pois claro.

2007-07-30

Onde é que eu construo?

Em matéria de namoro e casamento, como da vida em geral, vale a pena considerar esta perspectiva. Helen Fisher identifica três sentimentos distintos: atracção sexual, paixão e amor romântico. Estes podem ser encarados como três momentos de uma relação. Mas também podem ser desconexos entre si. Cabe saber a que é que damos importância sobre qual destes sentimentos queremos construir. Não significa que ao escolhermos um abdiquemos dos outros. Mas temos que saber sobre qual deles construimos. É certo que um deles é mais duradouro mas os outros não deixam de ser apelativos e, nesse sentido, intensos. Esta escolha começa mais cedo do que pensamos e influencia decisivamente as pessoas que escolhemos para nos relacionarmos.

Como em tudo na vida, podemos construir sobre a rocha ou sobre a areia. O que não vale a pena é queixarmo-nos das escolhas que fizémos.

2007-07-10

Nova Estação de serviço

Este blog não funcionou no modelo que foi proposto: os jovens do nosso grupo preferem outras formas de comunicação e não sentem necessidade desta.
Por isso o ESTAÇÃO DE SERVIÇO vai mudar.
A partir de agora vai funcionar como centro de recursos, baseado na nossa actividade pastoral.
Aqui se apresentarão sugestões de trabalhos, recursos e tudo o mais quie for pertinente, neste âmbito.
A ideia não é ter um blog visitado diariamente, ou sequer actualizado diariamente. A ideia é ter um centro de recursos digital, sempre à mão, para poder ser utilizado por quem dele precisar. É, pois, uma estação de serviço!

2006-09-25

A artereosclerose do voluntariado.

Estas férias - quando nos deu jeito - demos um apoio a uma instituição de acção social latu sensu.

Foi importante, útil e meritório. Mas hoje fiquei a saber que essa instituição está neste momento com necessidades de pessoal que obriga os seus funcionários a acumularem dois e três turnos. Isto fez-me pensar.

É que às vezes as nossas acções de voluntariado são um pouco como dar uma sobremesa a quem acabou de comer.
A utilidade marginal é reduzida e provavelmente o excesso de açúcar irá provocar uma sobrecarga do sistema: onde os circuitos já estavam calibrados para funcionar bem, vão-se provocar acúmulos que entupirão o normal funcionamento da instituição.
Visto neste sentido, as experiências curtas de voluntariado implicam um esforço grande por parte da instituição para acolher, encontrar necessidades para aquelea voluntários resolverem, organizá-los, integrá-los na estrutura e dar-lhes os conhecimentos necessários para que possam ser úteis.

Este esforço justifica-se como "investimento reprodutivo" que dê experiência e sentido vocacional aos voluntários: que os entusiasme e habilite a um compromisso mais duradouro.

Desta forma, assumir um compromisso onde e quando é necessário, passa pelas próprias instituições, que devem ter a capacidade de pedir ajuda, passa pela atenção dos voluntários em perceber as necessidades que existem e passa por uma disponibilidade diferente, que vá além do tempo que me sobra e entre no tempo que é preciso dar.

De que serve dar um bolo de arroz a quem comeu se negarmos um prato de arroz a quem tem fome?

2005-09-08

O que é que cá andamos a fazer?

É simples. Este blog destina-se a ir divulgando as actividades do Grupo de Jovens de Nossa Senhora da Oliveira (Fajã de Cima - São Miguel - Açores).
O Grupo iniciou-se há um ano e conta com elementos mais regulares e alguns que o são menos. Por isso este primeiro ano também não teve registos.
Começaremos agora, ano 2006-2007, a deixar alguns registos do que formos fazendo, não só como livro de bordo do grupo mas também porque, em Igreja, a experiência de uns pode bem ser a inspiração de outros. Nós bem sabemos como temos recolhido inspiração de tantos que nos precederam.